Alguns Esclarecimentos Para Entender os Diálogos Inter-religiosos
Março de 2020
Há um relato na literatura de Medjugorje sobre nossa Mãe Santíssima dizendo aos videntes que uma mulher muçulmana chamada Pasha é a pessoa mais santa da vila. Os videntes responderam: “Mas Pasha é muçulmana”, e Maria reconheceu o fato. Este anúncio, é claro, foi uma impressionante revelação para todos os que acompanhavam as mensagens de Nossa Senhora da Paz em Medjugorje.
Mas vamos tentar entender por que Nossa Senhora decidiu trazer isso à tona. Qual era o propósito de Nossa Senhora em transmitir essa revelação a nós? Estaria Ela tentando nos ensinar que não devemos julgar as pessoas pela aparência, por ouvir dizer ou pela religião, porque, ao fazer isso, estaríamos fazendo um julgamento diferente do de Deus, Que conhece o coração de cada um? Isso significa que Deus é injusto? Nunca! Não disse Ele a Moisés: "Dou a minha graça a quem quero, e uso de misericórdia com quem me apraz."? [Ex 33,19] Não devemos nunca nos esquecer de que, nas Escrituras, São Paulo nos adverte em Rm, 14,10: "Por que julgas, então, o teu irmão? Ou por que desprezas o teu irmão? Todos temos que comparecer perante o tribunal de Deus." Portanto, lembremo-nos do que está escrito em Isaías 55, 8-9, onde Deus diz: "Pois meus pensamentos não são os vossos, e vosso modo de agir não é o meu, diz o Senhor; mas tanto quanto o céu domina a terra, tanto é superior à vossa a minha conduta e meus pensamentos ultrapassam os vossos." Deus julga não pela religião, mas pela moral e virtudes que o coração da pessoa contém. Será que o coração dessa mulher era puro e inocente como o de uma criança? Será que ela teria amado a Deus e também a todas as pessoas ao seu redor? Deixem-me lembrá-los também do que Jesus nos disse nas mensagens de AVVD: “Eu disse uma vez que todos no Dia do Juízo serão julgados de acordo com a medida do amor que tiveram enquanto estavam na terra” (Mensagens de AVVD- 05 de agosto de 2000).
É claro que houve dúvidas de cristãos que questionaram se essa mensagem de Medjugorje vinha realmente de nossa Mãe Santíssima porque aqui, novamente, quando o Céu oferece uma visão do modo como Deus julga que é completamente diferente do nosso próprio julgamento, com nosso orgulho e nossos preconceitos arraigados para com os outros, dos quais não nos livramos facilmente. Preferimos duvidar do que Jesus ou nossa Mãe Santíssima dizem em Suas mensagens, em vez de aceitá-las, confiar e crer na justiça de Deus.
Além disso, vejamos também outra mensagem da Rainha da Paz de Medjugorje em que Ela explicou aos videntes que Deus é o Deus de todos e que é o homem quem causa as divisões. É o que a bem-aventurada Virgem Maria diz quando também “enfatizou os erros de pessoas religiosas, especialmente em pequenas aldeias” – por exemplo, “aqui em Medjugorje – onde há separação entre ortodoxos e muçulmanos sérvios”, disse a vidente Mirjana Dragicevic Soldo. “Essa separação não é boa. Nossa Senhora sempre enfatizou que existe apenas Um Deus e que as pessoas impuseram uma separação não natural. Não se pode acreditar ser realmente um verdadeiro cristão se não se respeitam outras religiões também.” (Daniel Maria Klimek, Medjugorje and the Supernatural: Science, Mysticism, and Extraordinary Religious Experience [Medjugorje e o Sobrenatural: Ciência, Misticismo e Experiência Religiosa Extraordinária], Oxford University Press 2018, p. 41.)
Todos nós neste planeta pertencemos a Deus e somos filhos de Deus. Outra vidente, Vicka, explicou um dia como Nossa Senhora a fez entender nossa criação. Ela disse: “Nada é coincidência. Tudo é projeto de Deus. Antes de Deus criar este mundo, Ele planejou cada um de nós. A Mãe Santíssima me disse que Ele nos conhecia. Ele nos chamou pelo nome antes de criar o mundo. Cada um de nós é totalmente conhecido e amado por Deus antes de ser colocado no ventre de nossa mãe. Ele selecionou o século em que nasceríamos: nossa nacionalidade, nossa família, nosso sexo, nossas forças e nossas fraquezas. Tudo o que somos e recebemos de Deus são dons.” (https://www.medjugorje.com/medjugorje-today/medjugorje-headlines/tragedy-of-realization.html)
E em outra passagem nossa Mãe Santíssima revelou aos videntes em Medjugorje: "Digam a este padre, digam a todos, que são vocês que estão divididos na terra. Os muçulmanos e os ortodoxos, pela mesma razão dos católicos, são IGUAIS diante de Meu Filho e de Mim. Vocês todos são meus filhos. De fato, as religiões não são todas iguais, mas todos os homens são iguais diante de Deus... Aqueles que não são católicos não são menos criaturas feitas à imagem de Deus e destinadas a voltar um dia para a Casa do Pai." (The Final Harvest [A Colheita Final], Wayne Weible páginas 85-86).
É essencial entender essa diferença. Nossa Senhora da Paz nos diz que, de fato, as religiões não são todas iguais, mas todos os homens são iguais diante de Deus. Doutrinas e almas não são a mesma coisa, por isso nunca devemos confundir esses dois aspectos. A seguir, uma entrevista com a vidente Ivanka Ivankovic e o Pe. Svetozar Kraljevic em fevereiro de 1983. (Fr. Michael O’Carroll, Medjugorje: Facts, Documents, Theology [Pe. Michael O’Carroll, Medjugorje: Fatos, Documentos, Teologia] p. 254)
Pe.: É importante que pessoas de boa fé, independentemente da denominação, não se voltem umas contra as outras. Mas me conte mais sobre isso. O que Nossa Senhora disse sobre isso?
Iv.: Nossa Senhora disse que as religiões estão separadas na terra, mas as pessoas de todas as religiões são aceitas por Seu Filho.
Pe.: Isso significa que todas as pessoas vão para o Céu?
Iv.: Depende do que elas merecerem.
Pe.: Sim, mas muitas nunca ouviram falar de Jesus.
Iv.: Jesus sabe de tudo isso, eu não. Nossa Senhora disse, basicamente, que as religiões são semelhantes, mas muitas pessoas se separaram por causa da religião e se tornaram inimigas umas das outras.
Pe.: Obrigado, Ivanka, por esta conversa e testemunho!
Então agora sabemos, e já deveríamos saber, que nada escapa a Deus e que nada ocorre por acaso. Devemos parar de questionar Deus! Não há coincidências para Deus. Deus já nos conhecia antes de termos nascido. Ele sabia tudo sobre nós. Como Ele disse nas mensagens de A Verdadeira Vida em Deus: "Eu te conhecia antes de teres nascido". (cf. Mensagens de AVVD) Às vezes, tendemos a considerar essa frase simbolicamente, tentando interpretá-la de maneiras diferentes, mas não devemos. De fato, Ele já nos conhecia antes de termos nascido. Se tendes algum ponto sobre o qual divergis, afirma São Paulo, Deus vos esclarecerá a respeito; enquanto isso, prossigamos na estrada que nos trouxe aonde estamos” (Fp 3, 15-16).
Nasci no dia 18 de janeiro, como quase todo mundo já sabe agora. Esta data que Deus escolheu para que eu nascesse é significativa para esta missão apostólica que Ele teve a intenção de me dar antes que o mundo existisse: de chamar todas as Igrejas para se reconciliarem e se unirem em sua diversidade. O dia 18 de janeiro é o primeiro dia da semana de oração universal pela Unidade. Na época em que nasci, esta data era também o dia da Festa da Cátedra de São Pedro.
Na Basílica de São Pedro, em Roma, é piedosamente preservada a relíquia venerável da Cátedra de São Pedro, um assento antigo de madeira datado do primeiro século, que o senador romano Pudens, convertido pelo apóstolo Pedro, lhe havia ofertado, e onde São Pedro costumava sentar-se para ensinar durante sua estada em Roma até seu martírio. Mais tarde, esse assento de madeira tornou-se um símbolo da autoridade papal (Sé) e foi posteriormente usado por vários de seus sucessores. Desde 1653, por ordem do Papa Alexandre VII, a venerável Sé, encoberta por um compartimento de bronze feito por Gian Lorenzo Bernini, está agora localizada no alto da parte traseira da abside da Basílica de São Pedro de Roma.
Embora eu tenha nascido em uma família ortodoxa grega e ainda seja ortodoxa, o Senhor infundiu em mim, através do Espírito Santo, o desejo de defender a Cátedra de Pedro. Sabemos que o Espírito vem nos ajudar em nossa fraqueza e, com certeza, eu não poderia estar mais fraca do que quando do chamado de Deus. Certamente, eu não conseguia sequer entender que um dia eu seria escolhida para obedecer ao chamado à unidade e ser enviada a muitas nações para chamá-las à oração, ao arrependimento, à reconciliação, à paz e à unidade.
É claro que quando defendo o Papa e sua Cátedra daqueles que estão furiosamente tentando, até mesmo agora, destronar o Papa Francisco, sou vista por alguns do meu povo ortodoxo como uma traidora, um Judas. Mas minha consciência, em união com o Espírito Santo, me assegura que devemos permanecer fiéis a esse Papa. Até mesmo quando Jesus não estava gostando de que cristãos estivessem julgando o Papa e me deu uma mensagem a esse respeito para divulgar, aqueles que já tinham uma opinião negativa sobre esse Papa não acreditaram que essa mensagem vinha de Cristo! Alguns até zombaram de mim, não apenas porque sou uma ortodoxa defendendo a Cátedra de Pedro e o próprio Papa, mas também porque, ironicamente, sou perseguida pelas próprias pessoas que cercam essa Cátedra! Não estou ganhando nada ao defender a Cátedra de Pedro e o Papa, mas o Espírito Santo me exorta a fazê-lo. No entanto, Deus estava ciente o tempo todo de que isso aconteceria, e já tinha me falado dessas perseguições desde o início do meu chamado, e é daí que vem a minha força: consciente de que Deus está do meu lado, eu não tenho medo. Eu não vacilo nem me preocupo porque Ele está no controle de tudo!
De acordo com o plano de Deus, além da data de nascimento, até o nome que portamos é importante. Meu nome, Vassiliki, significa filha do Rei ou real. Meu segundo nome, que é Paraskevi, também tem um significado simbólico: 'prepare o caminho para o Senhor' (esse nome também significa “sexta-feira”). Venho preparando o caminho para o Senhor, com a ajuda do Espírito Santo, que diz que o retorno de Jesus é iminente, divulgando Suas mensagens pelo mundo, chamando as pessoas ao arrependimento e à conversão; chamando-as a transformar suas vidas em uma oração incessante; chamando as Igrejas a se reconciliarem, dizendo-lhes que estes são os últimos dias de misericórdia e graça de nosso Deus. Elas devem estar preparadas e orar; devem reconciliar-se porque estamos na iminência desses acontecimentos dramáticos que foram preditos!
Compartilhei minha experiência espiritual sobre a ocasião em que Deus Pai, pela primeira vez, Se aproximou de mim e falou comigo. À medida que Ele falava, era como se eu já O conhecesse! Como se eu já tivesse me encontrado com Ele antes. E não só isso: Ele me fez sentir segura e que eu estava em casa; não na minha casa da terra, mas na minha casa no Céu. De repente, meu pai da terra já não tinha o mesmo valor, uma vez que ele também havia sido um instrumento para que eu pudesse nascer. Esta conscientização não era apenas um sentimento em mim, eu tinha certeza! Eu sabia disso dentro de mim, sem qualquer dúvida, que Deus é o meu verdadeiro Pai e mais ninguém, que eu era osso de Seus Ossos e carne de Sua Carne. E então, as palavras de Cristo pedindo que chamemos nosso Criador de Abba são tão importantes e tão verdadeiras! Mas será que alguma vez penetramos inteiramente nelas e as compreendemos plenamente? Eu sabia nesses momentos de felicidade que eu realmente pertencia a Deus, que eu vim d’Ele, que eu era Sua semente e que eu era d’Ele.
Além disso, Sua simplicidade e Seu modo paternal de falar comigo eram impressionantes. Sua ternura era tão natural e tão consoladora, enchendo-me de calor e segurança em Sua presença. Esses poucos minutos em que Ele falou comigo serão eternamente guardados em minha memória, serão inesquecíveis. Sua presença e Seu modo de falar comigo era como se não fosse a primeira vez em que Ele falava comigo, pois o tom de Sua Voz era como se eu já o tivesse ouvido antes! Era tão familiar que me senti como se fosse parente d´Ele. Nesse momento, senti aquela paz, segurança, liberdade que devemos ter quando falamos com Ele, sem medo, sabendo que não seremos confundidos porque Ele aí estará para ouvir o Seu filho com prazer. Essa espiritualmente imerecida experiência com Deus Pai me fez perceber que eu desejava estar com Ele para sempre porque entendi, sem sombra de dúvida, que descendo d´Ele e que Ele é o meu verdadeiro Papai!
Todos nós, portanto, descendemos d´Ele. Ele é Infinito Amor. Como Ele me disse nas Mensagens de AVVD, Ele ama a todos da mesma maneira, não importa quem somos ou em que país nascemos. Não existe n´Ele nenhuma hostilidade, nenhum vestígio de preconceito, nenhum vestígio de escuridão, pois Ele é pura Luz. Então que direito temos nós de ser hostis para com as pessoas que herdaram outra fé diferente do cristianismo? Quem somos nós para julgar? Será que nos tornamos tão pomposos e tão seguros de nossa retidão que, ao mantermos distância de outras pessoas que professam outra fé, estamos fazendo a coisa certa e pensamos que isso agrada a Deus? São Paulo nos lembra em Rm 2, 1: “Por isso és inescusável, quem quer que sejas, que te arvoras em juiz. Porque, julgando a outrem, condenas a ti mesmo, pois praticas as mesmas coisas, tu que julgas”
Se vivemos com preconceitos precisamos ser curados. O Espírito do Senhor está constantemente e com poder abrindo o caminho e levando-nos a nos reconciliarmos e a fazermos a paz com todos. E mais importante ainda, Jesus quer que mostremos o Seu amor através de nossa aceitação dos outros, e que olhemos para eles também como filhos de Deus; que os amemos como Deus os ama. Nossa Santa Mãe enfatizou isso em muitas de Suas mensagens aos videntes de Medjugorje, e como uma lição para todos nós.
Em minha missão, Jesus me conduziu passo a passo, muito gentilmente. O modo como Ele preparou alguém como eu é um autêntico milagre; educar-me, a mim, que era uma ignorante das Escrituras, ignorante nos assuntos da Igreja, totalmente desinteressada da religião, nunca tendo aprendido catequese alguma, uma pessoa que nunca rezava nem ia à igreja, mas que levava apenas uma vida de socialite. Suas instruções divinas me levaram lentamente ao modo que Ele queria que eu me tornasse uma com Ele “deixa-Me moldar-te como Eu quero que sejas...”, costumava dizer-me. (cf. Mensagens de AVVD) Ele queria que eu fosse uma testemunha da unidade ou, como Ele dizia: ‘sê o ícone da unidade.’ (cf. Mensagens de AVVD-30 de setembro de 1993) Ele quer que todos sejam um ícone da unidade.
Por vários anos, o Senhor me instruiu para eu entender que Ele quer que eu reúna todas as Igrejas a fim de se reconciliarem e quebrarem a barreira de nossa divisão. Esta barreira que nos separa não é senão o próprio Satanás. No entanto, será que eu fui capaz de reunir as Igrejas como Ele queria? Sim, isso só pôde ser feito permitindo a Ele que me conduzisse com confiança e sem questioná-Lo. E assim, com os colaboradores que me enviou, ‘operários para a Sua Vinha fértil’, como Ele os chamava, nós trabalhamos para reunir as Igrejas. Nosso maior sucesso foi quando 24 denominações do clero da Igreja se reuniram em nossa peregrinação e celebraram a Missa em torno de um único altar! O número de membros do clero era cerca de 120 acompanhados por 700 leigos. Durante as nossas peregrinações, o Espírito do Senhor assume o controle e enche o coração dos membros do clero com sede de quererem ser um só, mostrando-nos que o que nos une é muito maior do que o que nos divide. É algo que não lhes é imposto, mas um desejo dentro deles de compartilhar um só Cálice e comer do mesmo Pão. Talvez esta ideia de sermos uma só Igreja em sua diversidade seja uma visão do futuro; nós a vivemos à frente do nosso tempo.
Alguns anos depois desta memorável peregrinação, fui enviada a Taiwan para dar testemunho. O arcebispo Joseph Ti-kang era muito aberto às mensagens de A Verdadeira Vida em Deus e me recebeu com calorosas boas-vindas. Ele me pediu para falar primeiro aos seus sacerdotes sobre como o Senhor nos chama à unidade na diversidade, e eu achei que isso seria fácil, uma vez que Jesus havia me treinado, dando-me muitas mensagens sobre esse tema; por isso, eu sabia o que dizer. Mais tarde, porém, naquela tarde, o arcebispo me chamou para dizer que tinha convidado várias autoridades (cerca de 20) de outras religiões, e que gostaria que eu fizesse uma palestra de caráter inter-religioso. Eu fiquei chocada porque nunca tinha falado antes para pessoas de outras religiões. Totalmente despreparada, reclamando com Jesus que não deveria dar-me surpresas assim, tipo choque elétrico, eu disse: ‘o que será, será...’ Aquele encontro correu tão bem e tão suavemente que até tocou seus corações. Um muçulmano chorou porque, através das palavras que ouviu, sentiu-se muito amado e, finalmente, completamente compreendido por uma pessoa não muçulmana.
Então, esse foi o primeiro passo através do qual Jesus me conduziu aos diálogos inter-religiosos. Ele me imergiu neles lentamente, levando-me a conhecer depois, em minha viagem para Daca, um imã e um venerável budista que vieram à minha reunião. Eles foram convidados entre os cristãos. Quando o Venerável de Daca descobriu que um de seus monges havia estado lá, ele o repreendeu por não ter dito a ele para assistir também. Depois disso, o venerável enviou uma nota dizendo que queria me conhecer e eu aceitei seu convite. E foi assim que descobri o Venerável Suddhananda Mahathero, – que faleceu recentemente, Deus dê repouso à sua alma – e vi o trabalho que ele vinha fazendo. Ele educava órfãos em uma escola e depois os ajudava a se inscreverem em universidades. Era um pai amoroso para eles e, por isso, A Verdadeira Vida em Deus ofereceu ajuda ao Venerável, através de nossos fundos da Beth Myriam (uma instituição de caridade para alimentar os pobres). Daí em diante, o Venerável Suddhananda me convidou várias vezes para me presentear com as Medalhas do Prêmio de Ouro da Paz, por promover a paz e a reconciliação no mundo. Minhas palestras em seu mosteiro foram ouvidas por monges budistas, hindus e muçulmanos, bem como por cristãos. Um professor muçulmano, que estava presente, gostou tanto da minha palestra que me convidou no dia seguinte para falar aos alunos da universidade muçulmana. Nessa mesma hora, os hindus se aproximaram de mim e me pediram para eu dar uma palestra também para os alunos de sua universidade.
Quando a guerra na Síria ainda estava acontecendo e a cidade de Homs era destruída, enquanto Alepo também estava sendo atacada, fui convidada a ir até lá e dar uma série de entrevistas na TV a Lea, entrevistadora de Télé Lumière. Não hesitei sobre se deveria ir ou não para um lugar onde ainda havia uma guerra em andamento. Se Cristo me enviava para lá, eu deveria ir. Comecei minha viagem em Beirute. Télé Lumière organizou os diálogos inter-religiosos comigo reunindo os imãs e xeiques das diferentes denominações islâmicas – drusos, xiitas e sunitas – junto com diversos metropolitas e bispos. Afinal, a população do Líbano é mista e muçulmanos e cristãos vivem juntos em harmonia. O tema dessas entrevistas era “Como-viver-em-paz com todos” e sobre as mensagens de A Verdadeira Vida em Deus, que Deus está enviando ao mundo inteiro.
Eu estava acompanhada pelo Pe. Rolf Schoenenberg. Ele me confidenciou que nunca havia participado de um diálogo inter-religioso, mas que não hesitava em participar, confiando em nossa Santa Mãe, que iria orientá-lo, e apoiando-se no Espírito Santo para dar uma excelente palestra. O primeiro encontro de entrevista à Télé Lumière correu maravilhosamente bem. Entre os presentes estavam bispos e xeiques drusos, xiitas e sunitas. Depois que a entrevista terminou, o xeique xiita Mohamed Ali El-Hajj me perguntou se eu poderia falar a seu povo no dia seguinte. Eu estava de partida nesse dia e, por isso, não pude. No entanto, ele organizou o meu retorno a Beirute para que eu fosse a principal palestrante em um encontro que ele preparou com muçulmanos e cristãos.
Mais tarde, o programa da missão inter-religiosa nos levou a viajar de carro de Beirute à Síria, via Damasco, para nos encontrarmos lá em uma igreja, e de lá viajarmos para Homs onde dois sacerdotes heroicos mantêm a nossa Beth Myriam ativa, entre ruínas. De lá, depois de nossa visita, continuamos de carro na direção norte para Alepo, uma viagem de oito horas, numa estrada perigosa com atiradores escondidos atrás das colinas. Quando chegamos a Alepo, fui convidada a me encontrar, para entrevistas, com vários xeiques e bispos, que me receberam com alegria e amor. Algumas entrevistas foram realizadas em igrejas, outras em lugares sagrados. De vez em quando, durante essa viagem, eu contemplava como o Senhor ia me guiando, sem que eu procurasse, de modo algum, envolver-me em diálogos inter-religiosos, pois eles eram simplesmente colocados na minha frente; era como se eu fosse sugada para dentro deles!
Quando voltei para casa vindo da Síria, um dia fui tentada por uma pequena dúvida, me perguntando se isso era o que o Senhor realmente queria. Ele nunca deixa de me mostrar, quando sou sincera, se estou fazendo a Sua Vontade ou não. Logo depois que voltei para casa, vi que o Papa Francisco estava visitando uma mesquita e abraçando um imã com todo o respeito. Ele estava rodeado de imãs. Isso também me fez lembrar do tempo em que São João Paulo II visitou uma mesquita e também teve contato com o povo muçulmano. Por isso, esses encontros inter-religiosos não foram uma coincidência.
Muitas pessoas não compreendem a unidade na diversidade nem o seu valor – menos ainda quando ouvem dizer que sou chamada para diálogos inter-religiosos. Também não veem com clareza a iniciativa do Papa pelo diálogo inter-religioso, que é muitas vezes mal-entendido. Eles não entendem a ação do Espírito Santo que o Papa apenas executa por sua devoção e fidelidade a Deus.
O Espírito Santo dá o estímulo para a Paz e a Unidade a toda a humanidade. O Papa nos mostra uma profunda humildade e coragem para seguir o que o Espírito Santo deseja, mesmo sabendo que haverá pessoas que não entenderão e que ele será atacado impiedosamente. Muitas vozes ainda murmuram por aí, dizendo que o Papa visa fazer uma nova ordem mundial e uma única religião no mundo. Por isso, toda vez que ele abraça um muçulmano, é acusado e perseguido por vozes que dizem: “Vejam! Ele é um traidor de Jesus – ele vendeu Jesus – ele é um anticristo!”
As pessoas não entendem que, nestes últimos dias, nosso Senhor Jesus e nossa Santa Mãe nos chamam à paz e à unidade – não conseguem entender – não escutam as palavras de nossa Santa Mãe em Medjugorje – o que Ela disse sobre os muçulmanos. Eles ignoram as palavras “Paz na terra aos homens de Boa vontade”, do mesmo modo que os judeus não entenderam a cura de Jesus no sábado quando o homem pegou sua cama. Eles replicaram: “Como Ele ousa trabalhar no sábado?” Não conseguiram entender... Nem compreenderam que Deus fez o sábado para o homem e não o homem para o sábado.
Por isso, minha abordagem com os não cristãos é uma abordagem de respeito, de amor fraterno, mas é, sobretudo, para
transmitir o amor de Jesus a eles. Eu fui criada no Egito, um país cheio de muçulmanos, bons muçulmanos. Onde morávamos, em Heliópolis, nossos vizinhos eram muçulmanos e de boas famílias. Meus pais tinham bom relacionamento com eles e vivíamos em paz.
Santa Madre Teresa de Calcutá trabalhava com hindus. Ela os amava como se fossem seus próprios filhos. Ela dava testemunho do amor de Jesus mostrando-lhes a caridade e abraçando-os em Nome de Cristo. Nunca tinha qualquer preconceito e nunca fazia diferença entre um cristão e um hindu, mostrando a todos o mesmo amor e ternura. Nunca os forçava a mudar a sua fé, mas os deixava livres para escolher. Ela era um exemplo daquilo que Jesus representa e foi por isso que se tornou santa. Pois nosso Salvador nasceu e morreu não somente por nós, cristãos, mas por toda a Sua criação. Ele veio para redimir todos nós. Ele mostrou o Seu Amor não somente aos judeus, mas também aos gentios. O Seu Amor é para toda a Sua criação.
Devemos nos lembrar de duas coisas: Deus nos conhece pelo que realmente somos. E a segunda: não devemos nos esquecer de que somos embaixadores da Paz e da Unidade por Cristo que faz esse apelo através de nós.
Vassula
O Espírito Santo gosta muito de moldar a unidade através da mais bela e harmoniosa diversidade.
Deus está com aqueles que procuram a paz.
Do céu Ele abençoa cada passo que é realizado nesse sentido.