A 1997 Move for a Common Easter Date
por Edmund Doogue, Notícias EcumÊnicas Internacionais (ENI - Ecumenical News International)
Igrejas em todo mundo serão chamadas a cooperar num esforço internacional para colocar um fim, a partir do ano de 2001, aos 400 anos de divisão sobre a data da celebração mais importante no calendário Cristão, a Páscoa.
Ao presente, a Páscoa – a festa que marca a ressurreição de Jesus Cristo dos mortos - é usualmente celebrada em duas datas diferentes. Este ano, por exemplo, a maioria dos católicos Romanos e Protestantes celebram a Páscoa no dia 30 de março, enquanto a maioria dos Ortodoxos, junto com alguns Protestantes e Católicos, mantém o seu Serviço de Páscoa quase um mês após, em 27 de abril. As datas diferentes são resultado de discordância sobre a reforma do calendário pelo Papa Gregório XIII, 400 anos atrás.
Em um encontro que teve lugar em Aleppo, Síria, de 5 a 10 de março, patrocinado pelo Conselho Mundial de Igrejas (WCC- World Council of Churches) e o Conselho de Igrejas do Oriente Médio (MECC- Middle East Council of Churches), representativos das principais tradições Cristãs do mundo concordaram no que o WCC ontem descreveu como “uma proposta engenhosa para estabelecer uma data comum para a Páscoa”. De acordo com a proposta, as igrejas continuariam a seguir a fórmula atual para calcular a data da Páscoa, mas com a assistência do conhecimento científico astronômico mais exato possível. Isto superaria a divisão prévia, sob a qual ambas as tradições insistiram em reter seus velhos métodos de calcular a data, mesmo que eles não sejam sempre completamente fiéis à fórmula deixada pela Igreja Primitiva.
O Reverendo Dr. Thomas Fitzgerald, um teólogo e oficial sênior do WCC que participou do encontro de Aleppo, relatou à ENI que entre Cristãos, a divisão sobre a Páscoa era um “escândalo interno”. “ E nós temos que questionar que tipo de testemunho esta divisão dá ao mundo em geral”, ele disse. “Estamos falando da ressurreição de Cristo, um sinal de nossa unidade e reconciliação, ” disse o Dr. Fitzgerald, que é também padre da Arquidiocese Grego- Ortodoxa da América, uma província do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. “Não há festa maior que a Páscoa, e ainda quando você olha como a celebramos, fazemos isso de maneira dividida.”
Nos círculos de igreja durante uns poucos anos passados tem havido uma pressão forte para que as igrejas cheguem a um acordo sobre a data da Páscoa no fim do século. O ano de 2001 tem sido visto há longo tempo como um ano ideal para inaugurar um conjunto de datas acordado, porque naquele ano, 15 de abril é a data da Páscoa de acordo com os dois sistemas atuais de cálculo. Uma proposta do encontro de Aleppo será enviada às Igrejas pelo mundo, junto com uma cartilha mostrando possíveis datas da Páscoa nos primeiros 25 anos do século 21, a serem adotadas se a proposta for aceita.
O Dr. Fitzgerald relatou à ENI que, embora não esteja “nem otimista e nem pessimista” sobre a probabilidade da proposta ser aceita a tempo para 2001, há um grande significado ligado à data da Páscoa, e ele esperava que pudesse haver acordo. As diferenças sobre a data da Páscoa “resultaram principalmente do fato de que os quatro Evangelhos não forneceram a data real da Ressurreição, mas disseram apenas que ele ocorreu em relação à Páscoa dos Judeus e no primeiro dia da semana”, disse o Dr. Fitzgerald.
Nos primeiros séculos da era Cristã, houve discordância sobre a data da Páscoa, mas o problema foi resolvido no Primeiro Concilio Ecumênico em Nicéa, no ano 325 d.C., o qual produziu uma fórmula aceitável, de acordo com a qual a Páscoa era celebrada no primeiro Domingo seguinte à primeira lua cheia depois do equinócio de primavera. Esta fórmula ajudou a manter a ligação entre os registros das Escrituras e a celebração anual da Páscoa.
De acordo com o Dr. Fitzgerald, “a controvérsia da Páscoa na Igreja Primitiva finalmente levou a um importante consenso que foi expresso no Concilio de Nicéa. Houve um profundo reconhecimento de que a celebração da Ressurreição não deveria ser um sinal de divisão entre Cristãos. ” Contudo, o consenso sobre a Páscoa foi quebrado quando o Papa Gregório XIII reformou o calendário em 1582, então trocando as datas para a Páscoa. A maioria das igrejas Ortodoxas não alteraram o método para calcular a Páscoa. Mesmo agora há incorreções em ambos os métodos para calcular a data da Páscoa. Mas ao mesmo tempo em que havia diferenças nos métodos, houve, como no concílio de Nicéa, concordância básica em relação à fórmula. A solução proposta em Aleppo- usando os métodos mais exatos cientificamente disponíveis para calcular as datas da Páscoa- seria baseada na fórmula de Nicéa.
Muito do ímpeto para fixar uma data comum para a Páscoa veio do Oriente Médio, onde Cristãos de tradições diferentes moram em grande proximidade, embora muitos, como pequenas minorias Cristãs. Em algumas partes do Oriente Médio as igrejas locais chegaram a um entendimento entre elas para datas em comum para a Páscoa. O Dr. Fitzgerald disse à ENI que uma data comum seria de especial importância em regiões onde há um alto nível de casamentos entre Cristãos de diferentes tradições. Ele disse que em sua própria paróquia doméstica, em Manchester, New Hampshire, nos Estados Unidos, a data da Páscoa era importante à medida em que famílias com membros em diferentes tradições Cristãs tinham que escolher qual data seguir.
O Dr. Fitzgerald disse que algumas igrejas resistiram à pressão que veio várias vezes de grandes negócios, instituições educacionais e governos, para manter a Páscoa na mesma data todos os anos. “As igrejas querem permanecer em harmonia com Nicéa, ” disse o Dr. Fitzgerald. “A Ressurreição é um evento divino que irrompe na realidade, e pode ser que essa variação [da data celebrada a cada ano] nos ajude a refletir sobre isso. O dr. Fitzgerald é o diretor executivo do Programa para Unidade e renovação, no Conselho Mundial de Igrejas.
As organizações representadas no encontro de Aleppo, foram: Comunhão Anglicana, Igreja Ortodoxa Armênia, Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, Igrejas Evangélicas do Oriente Médio, Patriarcado de Antioquia Grego Ortodoxo, Federação Mundial Luterana, Conselho de Igrejas do Oriente Médio, Igrejas Católicas Antigas da União de Utretch, Patriarcado de Moscou, Conselho Pontifício do Vaticano para a promoção da Unidade Cristã, Adventistas do Sétimo Dia e o conselho Mundial de Igrejas. O encontro de Aleppo foi apresentado pela Igreja Ortodoxa Síria.”
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